Monday, May 22, 2006

Marcola & Luiz Mendes....

Queridos, Não-Queridos, Conhecidos e Desconhecidos,

Aqui mando uma reflexão que me perseguiu hoje à tarde. Coloquei ela em letras e em alguns pensamentos que talvez estejam mal-organizados. Ficaria muito feliz se houvesse discussão, reflexão, "briga" de idéias, não sei...

...sei que vibrou algo em meu íntimo. E daí, procurei organizar em palavras.Oremos e façamos a nossa parte pelas vidas ceifadas pelo crime e pelos policiais.

Abraços à todos, os que querem recebê-lo, é claro.

Paz & Bem!

B!
* * *
Marco Camacho & Luiz Mendes.
Por Bruno de Assis


Os últimos fatos - somado aos fardos cravados na sociedade - e as fardas ensangüentadas dos policiais que diante da silenciosa e da fria emboscada de diversas facções criminosas, dentre elas, o PCC (Primeiro Comando da Capital), esses policiais - antes disso, seres humanos - e até civis - seres humanos - foram ceifados da dádiva da vida. Em resposta, na reação aos ataques, outras vidas humanas, de traficantes, civis e inocentes compõem esse Mosaico Rubro que tem sido for-matado nas duas últimas semanas.

Periódicos como jornais, televisão e revistas lançam suas matérias, entrevistas e investigações (?) sobre os fatos ocorridos: o PCC impunham seus ataques à sociedade e ao Estado. Quem será que comanda toda essa balbúrdia?

E a mídia declara: MARCO WILLIANS HERBAS CAMACHO, o Marcola. Na matéria redigida pelo repórter da revista Caros Amigos, dizia que "nos últimos dez anos, o DEIC - Departamento Estadual de Investigações Criminais - produziu resmas e resmas de relatórios apontando-o como o líder do Primeiro Comando da Capital. Embora recheada de indícios, a polícia jamais conseguiu provar à Justiça suas suspeitas".

Porém, com os fatos, não somente aos atentados ocorridos no último Dia das Mães, mas as megarrebeliões que houveram em 2001, ao massacre no Carandirú, extorsões e assassinatos em que o PCC, na maioria, assumia a autoria, percebemos a diabólica articulação e as sangrentas ações tomadas pelo grupo, sendo o Marcola líder ou não.

Numa outra entrevista, enquanto uma pessoa sugeria à ele sair da vida do crime, ele respondeu: - Você saindo daqui, você vai fazer o que sabe. Eu vou fazer o que sei. E é roubar banco.

Quando vemos toda essa amálgama de más notícias, procuremos dialéticamente, ver uma outra situação, numa outra ótica.

Há 33 anos, Luiz Alberto Mendes Júnior, era preso aos 19 anos por latrocínio (roubo seguido de morte), ainda dentro da cadeia, acabou mantando dois presos, pra sua sobrevivência. Os pederastas pagaram com a vida a tentativa de violar a maior moral do preso na cadeia, que é o cú. Buscando preservar sua integriadade física, matou à facadas dois presos - em momentos distintos - que tentaram estuprá-lo.

Luiz Mendes, passou a adolescência em reformatórios, FEBEM e no começo da Juventude na Casa de Detenção.

Há perspectiva para alguém com esse currículo?

Cremos que sim.

Ainda na cadeia, semi-analfabeto, conhece Henrique, que na década de 60 foi um dos maiores assaltante de bancos. Luiz Mendes, tendo que ir pra solitária pelo homícidio dentro da cadeia, começa a conversar com o desconhecido através do cano da privada, dentro da cela forte. Ali, Henrique lê e conta a estória escrita por Victor Hugo, em "Os Miseráveis".

Dali, nasceu a paixão de Luiz Alberto Mendes, a literatura. Dali, junto com as cartas que escrevia do presídio, começou a estruturar seus textos somadas as leituras, povoava a imaginação com os personagens sugeridos pelos livros e assim, matava o tempo. Tempo que não é aproveitado pelo Estado, com a população carcerária ociosa, fomentando ali a faculdade do crime.

Depois de 2 fugas, sendo pego e assim, passou 31 anos e 10 meses excluído do convivio dos "civilizados". No início de 2004 Mendes é solto. Com dois livros na praça, o "Memórias de um sobrevivente" e "Tesão e prazer - Memórias eróticas de um prisioneiro". Na "vida civilizada", lança o terceiro. Agora prepara o quarto livro. Uma ficção embebida e construída na vida do crime.

Hoje, Luiz Mendes, além do fato de estar ganhando a vida com a literatura e com palestras, falando da Cultura Criminal, da delícia de ler livros e outros assuntos, procura com uma ONG, a "NOVO OLHAR", semear esperança aos amigos que estão ainda atrás das grades. E aos que estão fora também.

Marcola, também lê. Diz a Veja que leu mais de 3000 livros enquanto estava na cadeia. Dentre eles Sun Tzu, a Arte da Guerra e o Cabeça de Porco do MV Bill. Diz que o autor que ele mais gosta é Dante Alliguieri.

O que penso é.

O problema em si não é educar-se.

E sim, educar-se pra onde?

E como lidar com essas inclinações que o ser tendencia-se, freqüentemente para á mácula, para a morte. A Pulsão pela Morte, a Thanathós que Freud explicitava. Vejo pessoas inteligentíssimas, de uma mente sagaz, extraordináriamente perspicaz, e mesmo assim, a pulsão de morte é proporcionalmente igual à genialidade. Se não é maculado em si - com o uso abusivo de drogas, álcool e barbarizações sem sentido - é maculado no outro, no caso, esses corpos que foram ceifados. Civis, policiais e os inocentes.

Mendes, com a literatura, a paixão descoberta numa cela forte, procura hoje extrair Luz.

Outros, com a inteligência, lançam o medo.

Fala-se muito de educação.

Deixamos o mote:

Educar. Educar sim. Mas pra onde?

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