Bra(z)il: País esqui(z)ito?
Esse texto escrevi numa aula de redação lá no cursinho,
Esse texto eu dedico pro Leandro Popeye e pra namorada dele, se não me engano, chama-se Paola.
Abraços,
B.
Bra(z)il: País esqui(z)ito?
Será o Brasil um país "esquizofrênico" em sua identidade nacional e cultural? Diga-se "esquizofrênico" em sua raíz etimológica, vindo do grego, que significa "rachado, separado, fragmentado". Em nosso "caldo cultural", há tempêros - dos mais deliciosos aos mais amargos - que pontuam desde as raízes africanas, portuguesas, indígenas, espanholas....até judaicas e arábicas. Descobrimos diversos sabores, mas não reconhecemos o sabor da nossa terra.
Isso traz no histórico de nosso país - as boas e as más - conseqüências desses "encontros". Quando colônia, as terras - e as mulheres indígenas - do Brasil foram estupradas pra saciar as vontades - de riquezas e sexuais - herdando traumas e erosões na terra - e na alma - brasileira. Pelo amor (?) - e pela dor - filhos e filhas foram trazidos ao seio dessa terra. Filho do estrangeiro, sendo português, a criança não era lusitana. Da mãe indígena herdava os traços físicos e fisiológicos, não em sua totalidade. O que é como era denominada essa vindoura geração?
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Por outro lado, com o advento dos anos, o Homem Africano, feito escravo, imigrou para as nossas terras e durante mais de três séculos trouxe sua força, sangue, trabalho e religião, sendo marginalizado e explorado pelo "Senhor de Engenho". Mesmo diante dos sofrimentos, do banzo (denominação africana para a "saudade" da Terra Mãe) somando o contato com o europeu, essa mistura trouxe-nos o mulato, o samba, o chorinho (o samba somado com o melancólico fado português), as cantigas de roda e múltiplas vertentes musicais e culturais.
Com a "herança escravista", hoje o nosso povo - e a sociedade em si - perdeu muito a auto-estima, ou então a valorização do que produzimos aqui - do artesanato à construção intelectual - tendo que obter aaprovação "de fora", do "senhor de engenho" herdado em nosso inconsciente coletivo.
Temos Villa-Lobos, Tom Jobim, Chico Buarque, Radamés Gnatalli, Rafael Rabelo e Hermeto Pascoal - muitas vezes valorizados pelos europeus e esquecidos - ou não lembrados - em nossa pátria.
Temos Luís Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Darcy Ribeiro que viu, percebeu e escreveu a nossa terra como ninguém. Mas, descobrimos que a visão acadêmica de Pierre Verger, Roger Bastide é mais "autêntica" do que o olhar do brasileiro sobre a sua própria terra.
Se o Brasil é um país esquizofrênico? Sim e Não.
Por muito tempo, a visão que tínhamos de nós mesmos era eurocêntrica. Hoje, com o apoio de universidades, sociedade civil e ONG's estão aumentando o leque de pessoas e intelectuais que pensam o brasil a partir do Brasil, como sonhava Câmara Cascudo. Os passos são ínfimos ainda, mas na construção da identidade, na percepção dos fragmentos sociais - e principalmente - no reconhecimento dessa "miscigenada brasiléia desvairada" não seja uma interrogação sem respostas.
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