Sunday, January 29, 2006

Acordando com a Trindade....

Meus queridos amigos...
....depois de um tempo, tô aqui de volta. Vou retornar à escrever com mais frequência e ver se desembesto à ter projetos mais profícuos nesse misterioso ofício de escrever....
Paz & Alegria!
B!

Acordando com a Trindade...
Bruno de Assis.


Acordo.

Desorientado pelo sono, imagens e sons surreais ainda passeiam pela minha aérea e vaga inconsciência.

Chove lá fora.

A melodia da chuva soando nas plantas, o vôo desses tolhões de água rasgando o ar e assim, cravando o seu peso no chão - se não for mais uma heresia - creio que seja uma das manifestações da Voz Divina. Ouço, silenciosamente, como contemplar um coro de vozes femininas ruminando um íntimo Salmo de Louvor ao Doador da Vida.

Ah! Como não perceber o existir ou o não-existir dAquele que É! Pra quê provar sua existência se o Aquele que É nunca fora criado? Ele já É antes do Universo ter suas formas, cores, luzes, sombras e Vida! O Mistério de Deus e da sua sociedade formada na Trindade é como o oceano. É bom pro exercício da razão estudar, catalogar, explicar...

...mas a delícia é muito mais profunda quando mergulhamos no oceano, sentimos o gosto do sal, refrescamos a nossa pele, brincamos com o nosso corpo, sentir a ausência da gravidade, e assim, perceber que o peso do nosso corpo - e das nossas culpas - não é latente quando estamos mergulhados na Água da Vida!

Assim é com a Trindade, além de estudada, tem que ser des-frutada como a delícia de devorar, juntamente com as pessoas que amamos, pedaços dos frutos do pé de mangueira. Cravar os dedos na manga e sentir o seu sabor em voraz avidez...

Deus, dentro de nossa pobre linguagem, mostra-Se assim. No começo - como no Velho Testamento - demonstra um Medo, aparece como uma Nuvem carregada de densas trevas, outrora, um homem ciumento, furioso e explosivo em Seus monólogos ciúmentos, mas Ele cansa-se dessas formas e "fôrmas". Humilhou-Se. Foi pra uma cidade desconhecida de Belém e fragilizou-se num criança.

Cresce.

Brinca.

É feliz.

Faz a alegria ser dobrada em uma festa quando terminou o vinho. E faz da água, o melhor vinho da celebração!

Abraça uma mulher samaritana.

Cura e ampara os leprosos.

Enfurece diante dos fariseus.

Perdoa o ladrão na Cruz. Esse mesmo ladrão está com o Cristo, naquele Tempo que É Sempre Presente!

Mas o Homem em suas instituições querem ainda inventar um 'terror" diante da Imagem Divina....tentam colocar de volta à fôrmas, torná-Lo um sepulcro caiado...

Deus é Temor, Tremor e o ápice de Sua Revelação é o Amor!

Ah! Essa sede de existir nos vira do avesso!

Nessa busca interminável por aquilo - ou Aquele - que não sei o que ou quem é, a nossa razão nos ilude com falsas projeções do nosso ser. Status, Poder, Excessos de Bebida, de Sexo, de hipocrisias, de religiosidade e até as "grifes de marca", lembro-me de um rapper e escritor lá do Capão Redondo, o Ferréz, que expressa, "E por isso, eu não me iludo, roupa de marca não é meu escudo".

Creio que o Encontro encontra-se em desgarrar-se de nossas falsas projeções e ser nAquele que é. Silenciosas orações. Um balbuciar de palavras vindas do coração e perceber que o Reino de Deus não está "aqui" ou "ali" mas sim, dentro de nós, o Templo onde Deus quer habitar tem que ser, paulatinamente, ser dilatado em nosso íntímo, e fazer de nosso coração - essa manjedoura de ingratidões - seja formada numa bela cama de casal, pro encontro da Noiva, com o Noivo Aguardado, e assim, como expressa São João da Cruz, tornar-se "Amada já no Amado transformada".

Paz & Bem!

Amém! Santo André, um domingo de janeiro de 2006