Friday, September 09, 2005

Um devocional sobre uma música do Stêncio Marcius e Priscila Barreto......

Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento
Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte
Mais do que o Inferno e a Morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares,
Apagar a estrela Antares,
Que arrancar o amor do seu coração
Fim de tarde
Se debruça no portão

Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido
Tragam roupas e o anel
Calcem logo os seus pés
Milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte
Mais do que o Inferno e a Morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares,
Apagar a estrela Antares,
Que arrancar o amor do seu coração
Fim de tarde
Está deserto o portão


Pai Amado, Esposo Aguardado...

...ouvir "Fim de Tarde", nessa tarde fria, nublada - como a minha alma no momento - é um bálsamo. De início, uma tímida luz que depois se escancara no calor do Sol, que é o Senhor, a tua presença, no aquecer do Teu Abraço.

...lendo a minha história, mais uma vez descubro que sou esse filho - mendigo - que ainda precisa ter uma consciência - e a encarnação - mais profunda do Amor do Pai. Muitas vezes a imagem que fica, é o filho que sai, toma a parte da herança, gasta com as putas, come "do bom e do melhor", até "cair em si", lá no meio dos porcos, se alimentando da comida dos suínos...e como careço ter a consciência que há um Pai que vai abraçá-Lo e calçar os pés, trazer um anél e a melhor roupa.

Desculpe, Pai...mas pra mim, ainda é uma visão egoísta. Nessa hora só vejo "o meu lado". Não vejo a do Senhor. De como fica o teu coração, a tua pessoa diante da saudade dos teus filhos que estão aí, perdidos, outros emsimesamados, outros fugitivos de um quê ou quem que não sabem o que é ou quem é direito, mas sempre estão em uma fuga existencial tremenda...outros até "encontrados" mas que não anseiam ou desejam o teu abraço.

Obrigado que mesmo em meu egoísmo, o Senhor continua me abraçando. Como essa Verdade faz o coração mais pacificado e tranquilo. Fruto do Teu Cuidado e Amor.

Marca sempre isso no coração, como tatuagem como brasa na alma:

O seu amor é tão forte
Mais do que o Inferno e a Morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares,
Apagar a estrela Antares,
Que arrancar o amor do seu coração

Obrigado pela Priscila Barreto e pelo Stênio Marcius e de todo o pessoal que produziu e tocou essa obra prima.

Obrigado.

Abençoa-os. Aninha-os em tua presença. Protege-os e livra-os do mal.

Que Jesus Cristo, o filho pródigo da Trindade, visite-os, sempre.

Do filho que sente saudades do Pai,

Bruno da Trindade.

Tuesday, September 06, 2005

“Assim diz o Senhor, aquele que o fez, que o formou do ventre, e que o ajudará. Não tenha medo ò Jacó, meu servo, Jesurum, a quem escolhi.”
“Assim diz o Senhor, que te criou e te formou deste o ventre, e que te ajudará; Não temas, ò Jacó, servo meu, Jesurum, a quem escolhi.”
“Assim diz o Javé, que o fez, que o formou no ventre e o auxilia: Não tenha medo, meu servo Jacó, meu querido, meu escolhido.”
Três versões de Isaías 44:2
”Assim diz o Senhor...”
Deus não é mudo. Ele se expressa. Será que conseguimos perceber a Voz de nosso Pai Celeste quando Ele deseja falar conosco? Ou mesmo obedecer a Palavra documentada na Bíblia? O que acho maravilhoso nesse Deus, quem a Bíblia revela não é uma entidade pagã, longínqua, distante...mas um Deus que se achega, aninha e se expressa dizendo:
“...aquele que o fez e te formou desde o ventre...”
Deus me teceu, me esculpiu ainda quando eu estava disforme nas entranhas, no útero da minha mãe. Ali, ele me preparava um propósito, um sentido, um significado, uma história, mesmo com as adversidades e sofrimentos, mas Ele desejou que eu existisse. Não sou um acidente histórico, uma casualidade, fruto do absurdo, mas o ápice da Criação. Se Bach um dia compõs, “Jesus, a alegria dos homens”, Deus escreveu uma melodia, dizendo: “Homens, a alegria de Deus.”
“...e que te ajudará.”
Deus me ajuda.
Me aquece.
Me molda.
Me enobrece.
Se lança ao pesçoco e me beija.
Me tira do chacro de lodo, firma os meus pés sobre a rocha e guia os meus passos. Não é um Deus inerte à minha história e ao Universo (embora pareça e minha consciência me force a pensar sobre essa falsa impressão), mas um Deus que se move diante de um coração contrito, de um espírito abatido. Um Deus que se lança na Cruz.
”Não tenha medo, ò Jacó.”
A vida me assusta, me espanta. E isso é frequente. Um sistema que oprime, indiferenças familiares, trabalhos que não respeitam seu ritmo e tempo, pecados que espelham monstros que habitam nos porões da minha subjetividade. São tantos os montros, os minotauros a matarem. O salário mísero, a falta de pão, de espiritualidade, a grosseria no trânsito...Isso tudo e muitos outros fantasmas vêm me assombrado, diariamente...
Meu servo, Jesurum, meu querido...
Sou querido para Ele. Sou fruto do Amor. Posso ser o caso de Amor Dele, se eu deixar-me ser seduzido por Ele, é claro. Sou a “menina dos olhos”. A ovelha perdida que foi encontrada. Uma dracma jogada. Sou um ser que anela por Ele.
Meu escolhido, a quem escolhi...
É por aqui que me surpreendo. Sou um escolhido por Ele. Ele deseja fazer parte da minha história pessoal e eu da Dele, o Pai anseia em selar um pacto, firmar propósitos para que o Reino de Deus se estabeleça, pra que juntos, eu e ele, se relacione, chore, se alegre, viver emoções e fazer justiça através da minha (fútil) vida. Deus anseia me fazer instrumento da paz Dele.
Aqui, termino com Madre Teresa de Ávila,
”Só Deus basta...”