Tuesday, June 06, 2006

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Vossa sou, para Vós nasci
(Teresa de Ávila)


Vossa sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?

Soberana Majestade,
Eterna Sabedoria,
Bondade tão boa para a minha alma,
Vós, Deus,
Alteza,
Ser Único,
Bondade,
Olhai para a minha baixeza,
Para mim que hoje
Vos canto o meu amor.

Que quereis fazer de mim?

Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, pois me resgatastes,
Vossa, pois me suportais,
Vossa, pois me chamastes,
Vossa, pois me esperais,
Vossa pois não estou perdida,

Que quereis fazer de mim?

Que quereis então,
Senhor tão bom, que faça tão vil servidor?
Que missão destes a este escravo pecador?
Eis-me aqui, meu doce amor,
Meu doce amor, eis-me aqui.

Que quereis fazer de mim?

Eis o meu coração,
que coloco em Vossas mãos,
com o meu corpo,
minha vida,
minha alma,
minhas entranhas e
todo o meu amor.

Doce Esposo, meu Redentor,
para ser Vossa, me ofereci,
que quereis fazer de mim?
Dai-me a morte,
dai-me a vida,
a saúde ou a doença
dai-me honra ou desonra
a guerra, ou a maior paz,
a fraqueza ou a paz plena,
a tudo isso, digo sim:

Que quereis fazer de mim?

Vossa sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?

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Busca.....


«Para que encontreis em mim a paz»


«Senhor, desde os dias da minha juventude, que o meu espírito busca um não sei quê, com uma sede impaciente. O que é então, Senhor? Ainda não consegui apreendê-lo perfeitamente. Há tantos anos que o desejo ardentemente e ainda não consegui apreendê-lo... E contudo é mesmo o que atrai o meu coração e a minha alma, e sem o que não posso estabelecer-me numa verdadeira paz.
Senhor, eu queria procurar a minha felicidade nas criaturas deste mundo, como via tanta gente fazer à minha volta. Mas quanto mais buscava, menos encontrava; quanto mais me aproximava, mais me afastava. Com efeito, todas as coisas me diziam: «Eu não sou aquilo que procuras». És então tu, Senhor, aquilo que procurei durante tanto tempo? Era então para Ti que o enlevo do meu coração sempre e sem cessar puxava? Porquê, então, não Te mostraste a mim? Como pudeste adiar este encontro durante tanto tempo? Por quantos caminhos extenuantes não me atolei? É que é verdadeiramente feliz o homem que prevines com tanto amor; Tu não o deixas em repouso até que ele busque o repouso só em Ti.»
Henri Suso (c. 1295-1366), dominicano