Sunday, August 29, 2004

Idas ao Mosteiro - 5ª parte....

Olha só, coloco aqui mais uma parte das minhas andarilhadas...
....vai lendo, vai lendo....

...porque por aqui,
...vou ouvindo, vou ouvindo....o Gerson Borges, com "Salvador Maravilhoso"...

Paz e Bem à todos.

F.B.
(Continuando...)
Almoçamos.
A comida estava deliciosa, boa mesmo. Arroz, feijão, salada de repolho e alface e suco.
Logo que terminamos, e estávamos saindo do refeitório, percebi que o Pr. Ronaldo me chamou. Fui até ele e ele disse para eu esperá-lo por ali que logo, ele tinha uma novidade.
Chamei o amigo e quando o esperávamos, vi uma senhora, acompanhada pelo Dom Lucas que conversava com o Pr. David. Alguns se aproximavam e vejo uma mulher bem de idade, velhinha, falando sobre os Salmos. Era a Irmã Mônica. Não sei se era Beneditina, mas ela estava explicando de algumas traduções que elas, as irmãs da abadia dela, vem fazendo ultimamente sobre alguns livros da Bíblia...
Ela estava de saída. Se despediu e lá fomos para uma estradinha, que dá saída do mosteiro. Aguardava lá com o amigo e apareceu o carro do Pr. David Alencar, esse ninja da espiritualidade. Entramos no carro e o David, junto com a esposa e o Ivo, senhor muito amoroso, amigo de Caminhada.

Saimos.
Chegamos.
Uma casinha bem humilde. Simples. Simples demais.

Vejo umas mulheres, com roupas de tom marrom. Não são mulheres maduras, ainda são jovens. Bem jovens.
São freiras franciscanas. Lá estavam Irmã Gema, Irmã Clara (estava com os familiares, então não nos pode dar muita atenção...), Irmã Solange (se não me engano...) e Amanda, que ainda vai fazer o noiviciado.
Nos apresentamos. Perguntamos se eram de alguma ordem. Não. Não são de uma ordem, mas de uma fraternidade chamada "Irmãs e Irmãos dos Pobres". A Irmã Gema estava feliz, tinha ganhado a Pala (o véu que compõe a roupa dela...) e expressou sobre a opção - que nem a de São Francisco e São Domingos - pelos pobres.
Mostrou-nos a capela aonde elas sempre oram.
Com a cara-de-pau que me foi abençoada, falei de Teresa de Ávila para a Irmã Gema. Daí, começou o "nosso" diálogo.
Ela, dona de uma serenidade que chega a ser absurda, dá até raiva, falou-me dessa sua opção de vida e quando percebi, ela estava recitando um salmo, que era o 84. "Dividi" o Salmo, lembrando do 42. E aí...o diálogo foi Trindade, Salmos e Teresa de Ávila.
Desligado, chamei o amigo para mais perto. Ele participa da conversa.
O Ronaldo chama-nos.
É hora de despedir.
Olho para os olhos da Irmã Gema, verdes e serenos, o sorriso e a inquietação da Amanda e a receptividade da Solange, percebo-me. Não quero ir.
Chego à Gema e retribuindo o carinho, dou um abraço. Fico emudecido. Quando sou abraçado por ela, sinto o Abraço do Pai. Sinto-me edificado naquele momento. É algo que transcende a linguagem. Se consigo traduzir, é uma invasão do Ágape e dessa tão desconhecida Paz, essa Paz que em mesmo as dificuldades que elas carregam em sua vida monástica, mas que, diante dEle elas são tão bem ambientadas.
Quando vou me despedindo das outras e indo para o carro, não sei o que aconteceu comigo. Sinto Paz. Sinto-me Amado. E não orei ou ouvi uma pregação. Foi o silêncio de um abraço. Um silêncio transformador.
No carro, todos mudos. O Ivo, tocado, chora. Então, o Pr. David, cortando o silêncio, expressa:
- O Espírito sopra para onde quer.
E eu, que estudo tanto o Universo das Letras com a Línguística e a Dramaturgia, que buscando de mudar, de transformar o meio - e o ser humano - com a Palavra, pensava e meditava.
Se com a Palavra, e a busca intensa pelo Absoluto, mesmo tendo os meus "arranca-rabos" com a crentolândia, sendo solidariezado pela Igreja e buscando assim, repetindo, buscando transformar e mudar o meu meio com a Palavra.
Uma mulher, mais jovem que eu - tenho 25 anos - me desmontou e Deus me moldou através do Silêncio de uma Filha.
Filha do Silêncio.
Voltamos ao Mosteiro.
(Continuando...)

Friday, August 27, 2004

Idas ao Mosteiro - 4ª parte.

Cá estou ouvindo Mr. Big, uma banda que já acabou...a música chama-se "Just take my heart"...

...bom, cá maando mais uma parte da andarilhada que aocnteceu lá por Vinhedo, no Mosteiro de São Bento....

Por enquanto,

Abraços no Tom de G#7º,

"Frei" Bruno.

(Continuando....)
Achamos uma ameixeira, daquelas das frutas amarelinhas e resolvemos enconstar e pousar o Corpo por ali mesmo. Comtemplamos o lugar, o cheiro de mato envolvia o ambiente e percebemos as pessoas se achegando em diversos lugares que compunham ali, os alojamentos lá do mosteiro.
Estava com o amigo, quer dizer, com um - ainda - desconhecido colega até aquele momento.
Antes, os encontros eram esporádicos, aquelas despedidas de cunto, com um "Oi", ou "Como você tá?" e um dia, resolvemos - como bons cristãos - tomar uma Bohêmia juntos... No comments... ...e agora, estávamos lá no mosteiro, depois de um breve tempo. Conversamos sobre corações sangrados, cicatrizados e outrora ainda machucados. Falamos de nossas dificuldades de compatibilização com a "crentolândia", falamos das luzes e sombras que carregamos em nossa intimidade.
Depois, oramos pelos nossos amados e nos colocamos na Mão dAquele que rege as nossas vidas e pedimos - se podemos e temos o direito de pedir - 3 coisinhas:
1. Intimidade. Conhecer à Deus.
2. Que Deus nos use. Do jeito que ele quiser. E que abençoasse nossos queridos...
3. E que a gente se conheça. De verdade. Saber do superficial e as profundidades guardadas nas nossas vidas. Sermos amigos de verdade. Pois, em muitos momentos - e não me assusto - que os meus grandes e verdadeiros amigos que tenho crescido desde á infância, convivido desde pivetinho...não são crentes, seres religiosos.
Esse não é o problema. Pois Deus tem lá Seus planos...a questão que leva a pensar é:

Será que eu sou amigo? As pessoas podem confiar em mim? O meu ombro é porto seguro? As pessoas me procuram porquê sou digno de confiança ou, em meio ao desespero, fui à primeira vitima do "desabafo"?

Me sentia feliz naquele momento. Me sentia Igreja, a Verdadeira Igreja, Corpo de Cristo...aonde o maior ruído, expressão de louvor, naquele momento, era o vento cortando silêncio. Nos abraçamos.
Fomos almoçar.
(Continuando....)

Thursday, August 26, 2004

Idas ao Mosteiro - 3ª parte....

Aqui coloco mais uma impressão quando, ano passado, fui ao mosteiro....
....aliás, sempre vou. Lá encontro o que o Mundo não oferece. O Silêncio. Silêncio e Presença. A Presença de Deus, o Amado da minha - espero que nossa - Alma.

....logo que eu escrever sobre isso, vou tentar meditar em outros lances, dentre els, música, teatro, literatura....

Abraços,
Em Cristo, Por Cristo e Com Cristo,

F.B.
Sonho muito.

Acordo. É cedo, oito horas da manhã. Bom dias, breves cumprimentos, banhos e um leve teor de mau-humor (mesmo acordando cedo no mosteiro é um programa que não sou muito fã de fazer...), descemos para um delicioso café feito pelas monjas. Terminado o café, fomos para um local que é usado para palestras. O Pr. Ronaldo, em sua simplicidade, acompanhado de um violão tocou e vez a congregação acompanhar com uns cânticos de louvor. Foi bom. Não, foi mais que demais de bom. Foi simples.

Começou a segunda parte de um curso chamado "Imagens distorcidas de Deus". É um curso que procura "melhorar" a ótica que temos de Deus. Pois, na nossa história pessoal, carregamos muito dos nossos pais e aí transferimos essa imagem em Deus. O que não é verdade.

Essa palestra também esboçou alguns ídolos que estamos construindo em nossa existência, já que os da "Reforma" tanto criticam e atacam os "Antes da Reforma" devido aos seus "ídolos", como a Virgem Maria, São Francisco, Santo Antônio...mas nós não percebemos que formamos em nosso íntimo que carregamos alguns "ídolos" chamado "São Sucesso", "São Trabalho", São Ativismo", "Santo Trabalho" e que no excesso desses "ícones" afetam de forma absurda a nossa vida espiritual.

Na mesa encontrava-se Pr. Ronaldo Perini, Pr. David Alencar, Pr. Edvaldo e o Pr. Waldney...e tiravam dúvidas...

Pessoalmente o que Deus me chamou a atenção foi a questão do "São Hedonismo". É essa busca de prazer. E muitas vezes, quando vou orar...busco não porquê Deus é Deus e quero me relacionar com Ele. Muitas vezes O buscava (e o busco ainda...) atrás do bem-estar. Bsucava-O pela mística do momento. E não era bem-estar com e nEle. Era bem-estar pelo bem estar. E ainda, não aceitar que mesmo em meu mal-estar, Deus está de bem comigo.

Deus me ama e me cuida mesmo eu mal-estando...

...e a minha luta pra ser vencida precisa da ajuda do outro e do Outro. É Deus, através de um tutor espiritual para me ajudar a vencer esses meus ídolos íntimos.

Eles são os mais difíceis de quebrar.

...depois de um tempo, nos silenciamos e buscamos ouví-Lo. Não O ouvi. Tive imagens, muitas imagens na tela da minha consciência.

Levantei e fui, com o amigo, para um canto reservado e tentar expor o que carregava no íntimo. De verdade e em verdade, sem máscaras, roteiros e maquiagens...
(Continua...)

Tuesday, August 24, 2004

Idas ao Mosteiro - 2ª parte....

Aqui mando asegunda parte de um relato, quando fui ao mosteiro com uns amigos...
Foi uma experiência única, e aqui vou continuando os "causos"...
Abraços, os que querem recebê-lo,

Bruno, o fraco.
A ansiedade continuava...
No quarto, já com as roupas pra dormir, o Sr. Orlando entre uma conversa e outra prosa, falou de algo que tocou o que resta de Sagrado dentro daqueles dois trausentes. Ele, já numa resposta de uma oração que ainda íamos fazer, falou de seu amor pelos moradores de rua e de sua luta pra tirá-los de lá e dar um abrigo, um ninho. Contou a história de Júlia - que durante 10 anos, foi uma andarilha sem teto - e do Antônio, aonde que desde a retirada da rua, banho, cuidado, zelo espiritual e condução para uma instituição foi feita por ele e a esposa.

No quarto, já com as roupas pra dormir, o Sr. Orlando entre uma conversa e outra prosa, falou de algo que tocou o que resta de Sagrado dentro da gente. Ele, já numa resposta de uma oração que ainda íamos fazer, falou de seu amor pelos moradores de rua e de sua luta pra tirá-los de lá e dar um abrigo, um ninho. Contou a história de Júlia - que durante 10 anos, foi uma andarilha sem teto - e do Antônio, aonde desde a retirada da rua, banho, cuidado, zelo espiritual e condução para uma instituição foi feita por ele e a esposa. Me senti enojado. Destruído. A troca de olhares que tive com o amigo que foi companhia lá no mosteiro delatava esse mal-estar dentro da gente. Um senhor, de quase 60 anos, com intensas dificuldades físicas era instrumento poderosíssimo do Pai pra fazer a vontade dEle.. Chegamos no quarto lá pelas 23:30 hs. Fomos dormir lá pelas 3 horas da madrugada, abençoado com o novo conhecido. E nós, amaldiçoados com o nojo de nossa hipocrisia.
Me senti + um verme da crentolândia...
...domingueiro, esquenta-banco...
(Continua...)

Tuesday, August 17, 2004

Sutil & Silenciosa...

Madrugada, aniversário de um dos meus melhores amigos, Louis Granot...benção de Deus pra minha vida...e pro mundo também!!!

Ao som de "All Heart", Mike Stern, Deixo essas palavras....

Abraços,

F.B.
Sentia o corpo cansado, exausto dos dias repetitivos, gris, tediosos. Parecia que a Natureza oferecia uma Tristeza Outonal que convergia para um Inverno Fúnebre, percebia que essa herança climática ecoava em seus músculos, pulsava em seu sangue, afligia os ossos.
Diante dessas ambiguidades íntimas, conhecia as pessoas, notava que a busca delas era perigosa e atraente ao mesmo tempo. Fugia desses humanos, “Obras do Absurdo”, pensava ela. Pois quando havia o Encontro, poucos escaparam. As pessoas, por mais que conhecia com o passar dos anos, tornavam-se mais desconhecidas, indiferentes, sombras do acaso. Por mais que experimentasse as peles, não aquecia-se com o Abraço. Imaginara, como um dia arrancaria o coração dos trausentes dessa existência passageira...

Estranhava e imaginava que na medida que sentia-se mais íntima dos humanos, eles seriam mais transparentes e sinceros. Se enganava. E isso era que a encantava. Esse Mistério que Alguém escondia na intimidade desses desconhecidos, que ninguém conseguira ler.
Sentia-se ambígua, havia um díade que lutava dentro de si. Ela atraía, quando percebia, agarrara a intimidade dos humanos e, diante disso, fugia eles.

Eles, consciente ou inconscientemente, procuravam-a, sem tino.

Percebera que era íntima da Solidão, irmã do Vazio, do Vazio de Palavras, de Palavras Concretas, não as tagarelices que os hipócritas soltavam ao vento. Percebia, mesmo com as pessoas à sua busca, de forma inconsequente, latente, tinha consciência que naquele momento não havia receptores para a sua voz, parecia que emitia as notas graves, o contralto, timbre de sua voz ia de encontro ao Nada.

Sutil, dona de uma beleza distinta, não acha-se nos padrões comuns. Encontramos-a oculta, das formas mais casuais. Através do desconhecido cheiro da pele, no torpor dos toques, delícias fáusticas, a adrenalina da moto em alta velocidade, o perigo consciente, a consciência culpada e os corpos esculpidos e semi-nús das Donas das Esquinas, aonde alí, vendem suas delícias.

Des-cobrimos, há pessoas que até pagam para encontrá-la.

Com ela, a alegria primaveril inexiste, in-existe, não existe.

Cansada, deita na velha cama, coberta de amarguras, com os cabelos negros cobrindo o rosto, quem é ela, como se chama?
Boa noite,Srta. Morte.

Friday, August 06, 2004

Tu e Eu, Luis Fernando Veríssimo.

Ouvindo "Time Machine" de Joe Satriani, o mago das cordas!!! www.satriani.com

Aqui vai um lindo poema de Luis Fernando Veríssimo, foi esse "industrial das letras" que me iniciou na poesia....

....e dedico essa minha não-poesia, pra minha namorda, Juliana.

Somos diferentes, Tu e Eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta e selvagem

como uma fruta do trópico
Eu já sequei e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.

Idas ao Mosteiro - 1ª parte.

Ouvindo "A Promisse her the Moon" do Mr. Big...
Aqui mando que vou estar mandando no decorrer dos dias, quando fui com o pessoal de duas comunidades evangélicas...para um mosteiro. Isso, fui com os evangélicos a um mosteiro católico.
E aqui, conto umas impressões...
Abraços de Urso,
Do metido à monge,

"Frei" Bruno....
Seria mais um daqueles dias comuns, se o Inusitado, o Inesperado não aparecesse, até espantando, e foi-se compondo o "Acaso".
A ansiedade crescia...
...vontade de sorver o Silêncio e rasgá-lo com uma oração, compor uma melodia em contraponto com a harmonia interior e extrair as mais belas notas poéticas, exibir um Noturno Schumanniano, com a ajuda dos ruídos estelares, como o louco poeta.
Entramos no ônibus. Estávamos indo para Vinhedo. Fomos ao Mosteiro dos Beneditinos.
...foi conversando com o amigo, buscando ler e conhecer o Maior Mistério que escondemos em nosso existir: o nosso próprio coração. Percebi luzes, feridas, sorrisos e cicatrizes. Olhei e percebi o espelho de minha alma.
Conversamos com outros, superficialmente, falamos de política, relacionamentos, assistência social e até de Deus...
...já estava escuro, chegamos ao mosteiro. Cumprimentamos as pessoas, comemos algo que não me lembro o que é e fomos levar as coisas para o quarto...
(continua...)

Entre Minotauros & Compassos Jazzísticos...

Ao som de "Time Machine" de Joe Satriani...
Paz e Bem, meus queridos!!!
Aqui deixo um texto que estava ao relento, escondido e tomara que incomode, console, espelhe....mas que provoque algo.
Abraços...aos que querem recebê-lo, é claro.

F.B.
Entre Minotauros & Compassos Jazzísticos
Acordo. É madrugada.

Imagens Oníricas ainda são latentes na sala-de-estar da minha consciência. Percebo os seres que habitam aqui dentro de mim. São muitos. Monstros, Fadas, Anjos, Dêmônios e uma série de personalidades que só a minha subjetividade - talvez - conheça. Como os sonhos mostram, escancaram e (des)cobrem a nossa falsa intimidade. É como se Alguém abrisse os porões de uma casa abandonada ou os subterrâneos de um castelo frio e de lá saíssem os nossos maiores medos e desejos. Horrores e êxtases. O Sagrado e o Profano que habitam aqui dentro de mim.

Os demônios ainda me perseguem ao sono. Há uma luta, que impede de integrar-me ao Absoluto. De pedir que o Sol me queime de tal forma e que o barro do qual sou formado se derreta para que, aos poucos pedaços sobrados e derretidos, num estado de mágma espiritual, sendo íntimamente purificado, os cacos quebrados e deslocados se ajuntem novamente e me sinta integra e verdairamente moldado nEle.

Percebo, que meu coração é como barro seco queimado ao sol aguardando que essa fome e sede - apenas - seja saciada com Água Viva, na plenitude do Espírito.

Culpas, angústias e mágoas na qual imaginava que não existissem se desenham na forma de serpentes, dragões e outros símbolos nesse Universo que é vivo, logo quando me encontro num "coma voluntário", quando descanso do e no mundo e fico totalmente aceso e aberto ao que há em minha íntima capela. Os cheiros, toques, desejos e êxtases não confessos convencionalmente ao universo e nem a mim mesmo, tomam a forma de curvas, olhares e delícias libidinosas. Então, aos poucos, começo a ter leituras mais profundas dos quadros surrealistas de Salvador Dali. Esses mesmos seres e formas, obras do absurdo da (in)consciência, se ajuntam, grudam, enrolam-se e quando percebo, vejo um Minotauro, personagem mítico grego. Louco pra me devorar.

Me lembro de Teseu, que quando foi ao labirinto enfrentar o Monstro foi zelado pelo fio de Ariadne, amarrado em seu tornozelo. Era o seu elo, embora bem tênue, com a realidade.
Cadê o meu fio?

Muitas vezes, se eu pudesse e fosse o personagem da mitologia grega, matando o Minotauro, logo ia cortar o fio que me integra a realidade. Não voltaria ao universo dos "normais", dos humanos. Não me adapto ao mundo. Não nesse mundo. É Absurdo. Os valores, estilos, egoísmos e a falsa sensação de poder que o homem carrega dentro e fora de si, oprimindo os seus semelhantes, nunca vão auxiliá-los em sua maior luta (ou derrota):

Negar e Vencer a si mesmo. Vencer o Minotauro.

Porém, Teseu passou pelo labirinto e matou o Monstro.

Eu, ainda, tenho que lutar contra o meu Minotauro. Com esse ser Bestial e Pleno, com esse Cristo e Mefisto que se enfrentam, noturno e diariamente, dentro de mim.

Temo e tenho medo do Silêncio. Percebo-me, sou fraco. Muito fraco. Humano, demasiado humano. Tenho consciência e percebo um coração que está inflamado pela dor. Entro quase num processo de esquizofrenia, pois percebo como é difícil suportar a si mesmo. E ainda tenho a dor.

Olho para o lado e vejo um disco de vinil. Coloco-o na "vitrola".

Ouço
"I wish I knew". O piano de McCoy Tyner somado ao baixo acústico de Jimmy Garrison, as levadas da batera de Elvin Jones harmonizam-se totalmente com essa luciferiana sedução emitida nas notas do Sax Tenor chamado John Coltrane, esse Anjo Negro do Jazz. A música é Universal e até os mais brutos, que não tem o costume de ouvir sons tão distintos, porém, muito humanos, deixam-se ser enfeitiçados pela melodia desse Mago das notas dissonantes.

O disco chama-se "Ballads" e completando, até manchando essa obra-prima, atrevo-me a dizer que esse disco devia denominar-se "Ballads of Soul". É dialogo de alma para a alma. São poucos que possuem esse dom, essa maldição, de conseguir esse diálogo íntimo. Enquanto não consigo tal dádiva, deixo Coltrane conversar com o meu espírito e expiar os demônios que há nesse templo destruído, nessa casa abandonada.

Thursday, August 05, 2004

Impressões do começo de uma madrugada....

Ao som de "What I Mean to Say", de Mike Stern, guitarrista fenomenal...conrima mais sobre ele em www.mikestern.org
Cá estou com os dedos no teclado, vendo sites e meus "emílios" (é como chamo os emails...), e minha mente coloca-se a devanear....
...amo muito essa obra-prima do Mike Stern, pois ela "externaliza" esses sentimentos escondidos, que através da melodia, conseguiu expressar o que sentia...o que se escondia lá em um porão da alma, ou no sótão da mente....não sei....
Ela também tem o título "What I Mean To Say", traduzindo "o que eu queria dizer"...e a gente diz tanta coisa que não devia ser expressada, fala o que não devia e muitas vezes deixamos de oferecer um elogio, um "Bom Dia" sincero, outrora, um abraço amigo ou um silêncio presente, amigo e consolador...

Tenho que aprender muito com a melodia, com o silêncio...
...penso que muitas vezes o culto, quando vou aos templos, normalmente os cristãos, mais voltado aos evangélicos - , tinha que ser a oportunidade de ouvir à Deus e não uma liturgia programada, sequencial, barulhenta...cheia de "Glórias à Deus", não por fervor, amor....e sim, para preencher o vazio, de som, de Palavra.m uitas vezes percebo, (espero que esteja errado),a liturgia é morta. Como disse Caio Fábio, parece muitas vezes que os cultos são uma "reunião de araras, maritacas e papagaios", e não importa se eu vou ao culto pra falar algo, ou ouvir algo do pastor, ou padre, e sim, se Ele fala.
Talvez teria que me aquietar e falar menos, agir mais. Me silenciar. Me "atolar" mais no amor dEle...e aí, com silêncio, Palavra, ser instrumento da Paz dEle...

Lá vou tentar me silenciar, ouvir a Voz dele, namorá-Lo, através dos textos de Cântico dos Cânticos...

Paz e Bem à todos,
Ao som de "Just look up" de Joe Satriani.

Refúgio e Âncora...em Salmos.

Quando leio o texto encontrado em Salmos 90:12,

"Se fizerdes do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,"

Refúgio e Habitação. São duas buscas constantes em nossa humanidade.

Uma casa.

Ombro amigo.

Mesa farta de amigos, macarrão e vinho do Porto.

Mais amigos.

Um colo.

Ou vários colos...é mais gostoso! Dar uma volta com o cachorro.Não ser assaltado.

Outros imprimem essa "segurança" em:

Status.

Mandar nos outros.

Poder.

Sexo desenfreado. Só fizemos sexo, não des-cobrimos o sabor, gosto e o cheiro da pele da Amada(o) e muito menos precebemos a transparência dos espíritos. Embora ambos juntos, um come jaca numa cidade do interior e a outra está fazendo compras em Júpiter.

Esqueci do versículo.

Retomando:

"Se fizerdes do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,"

Uma oração Silenciosa.

Cola esse versículo na alma. No espírito.

No Espírito.

Deus é quem me dá a verdadeira segurança, fruto do relacionamento com nada mais, nada menos com o Criador do Universo......mesmo sofrendo atrocidades, é Ele quem unta as feridas. Sem Ele em vão vigia o Sentinela. Segurança primeiramente ter a consciência de um Deus que não me abandona, de um Deus que colou-se em mim através do Espírito.

Ainda tem um outro textinho...


"O Espírito que Ele fez habitar em nós." (Tiago 4:5)

Parece-me que o encontro vai em dois sentidos.

Não sei se quando encontro à Deus eu tenho um encontro comigo mesmo ou então, se encontro comigo mesmo há esse encontro com Deus.

O que os dois versículos imprimem muito bem é que esse Deus deseja habitar.

Viver junto.

Ser Âncora.

Segurança.

Deus deseja Cuidar.

Aninhar.

Deus é ninho.

Aconchego.

Prazer.

Bom gosto.

Deus é gostoso.

Toda negação do prazer é budista e não cristã.

Imagino o que Deus deve encontrar em minha capela íntima, nesse templo que está sendo recuperado.

Um quarto aconchegante?

Sala de (bem) estar?

Um porão de arrogância?

Sótão cheio de contendas?

Deus é louco. Vagamundo. Resolveu habitar em mim. Se já não tenho total consciência do que sou e já é uma Ilíada me suportar, quase entrando num processo de esquizofrenia, imagine Deus...que me conhece totalmente e sabe-se lá o porquê...resolveu habitar por aqui.

Como disse Caio Fábio...

"O templo sou eu, o lugar de culto é o meu ser e a liturgia é a vida vivida em Cristo!"

Oração:

Deus meu, seja num castelo belo e frio ou numa casa de palafita, habita em mim, que eu sinta o seu hálito, é alma, é o que me dá a Vida. Vida em abundância. Vida que vai de encontro ao meu Criador. Obrigado pelo dia e pela noite,

Te Amo,

Seu filho, eu sou teu filho!!!

Amém.

No Princípio era o Verbo....

Ao som de Joe Satriani, "If I could fly"...

...aqui começo a traçar umas letras insones. Vão ser como no papel, em tudo que escrevo - ou tento escrever - refúgio, sentimentalismos, orações, oblações e não um...um...momento narcísico, Ego-Cêntrico. Não quero ter a tela da Web como uma metáfora da Margem do Rio que Narciso se olhou e apaixonou-se perdidamente por si mesmo.

Não. Aqui vou colocar pensamentos, inquietações, revoltas, alegrias, um pouco do Cristo e do Mefisto que habitam aqui dentro. Pelo menos, ao invés de mostrar as "baladas", ou os amigos da faculdade...vou aqui procurar ver o mundo através de outra ótica...não sendo a do meu umbigo. Talvez mostre minhas sombras, as poucas luzes que não vem de mim, mas de um Outro que habita em mim e me conhece mais do que eu a eu mesmo.

Viajei?!?! Quem lê, entenda.

Abraços bem fortes, no tom de Sol com Sétima Maior (G7+)!!!

Termino ao som de Manhattan, por Eric Johnson, um guitarrista fenomenal...

Da solidão à solitude....

Aqui mando mais um texto...já foi té publicado e aqui coloco na web.

Abraços bem fortes, do metido à escrever,

F.B.
"...se converte ao Senhor, então ó véu é-lhe retirado". (II Coríntios 3:16b)
Na medida que vamos trilhando na caminhada cristã, vemos que carregamos muitos véus, não no sentido de uma profunda busca de santidade e reverência, mas um véu que mascara, que esconde as doenças, dúvidas e as sombras do coração.Os "véus" se manifestam de diversas formas. Um deles é o ativismo. Porém, vemos que o ativismo não é outra coisa senão a máscara que cobre o vazio relacional com Deus, com o outro e consigo mesmo, somado o vazio espiritual. Como traduz Oswald Chambers, "Difamamos a Deus com nosso ímpeto de trabalhar sem conhecê-lo realmente."
Muitas vezes nos deparamos com mil atividades, outros mil e um eventos, mas o centro motor de nossa vida com Deus é um fiasco.
Não sabemos nos relacionar com o nosso Redentor.
Não percebemos ou discernirmos a voz do Espírito.
Não sabemos nos deleitar em Deus.
E por outro lado, há os que "banalizam a Graça" de Deus. Sem temor, pecam, já "sabendo" que Deus vai perdoá-los, e muitas vezes pecam de modo consciente, sofrem a consequência de seus atos e diante disso, lançam a culpa em Deus ou nos irmãos e até sobra no pastor ou no padre. Vemos que deste lado, há a mesma alienação em relação à Deus, nosso Criador.
Precisamos dar ouvidos ao silêncio.
É partindo daí que Deus começa a sussurar aos nossos ouvidos e na nossa alma.Só que, dar ouvidos ao silêncio chega a ser uma tarefa, muito, mas muito árdua. Pois, descobrimos, que na verdade temos medo do silêncio. Pois nele, ouvimos os gritos, lamúrias e temos consciência dos verdadeiros anseios de nossa alma.
Notamos, quando temos consciência de nós mesmos, na solidão, o nosso coração é:
"inquieto, anelante e enfermo,
como um pássaro na gaiola
lutando por conseguir respirar como se mãos
estivessem comprimindo a minha garganta,
anelando por cores, por flores, pelas vozes das aves,
sedento por palavras bondosas, de urbanidade,
tremendo de ira ante os despotismos e
a humilhação mesquinha,
fremente na expectativa de grandes eventos,
tremendo imponentemente por amigos a uma distancia infinita,
fatigado e vazio na oração, no pensamento,
na realização,desfalecido e pronto a dizer adeus a tudo?"

(Um trecho do poema "Quem sou eu?" de Dietrich Bonhoeffer, teólogo luterano alemão)
Aqui está traduzido o estado de um coração inquieto e latejante, como o nosso.
Se é que os anseios íntimos conseguem ser traduzidos em palavras...
Precisamos aprender o exercício da solitude, do silêncio e rogar ao Senhor com nossas preces e orações, em profunda contrição, não apenas que aquiete os nossos corações, mas que Nele tenhamos as verdadeiras respostas para os anseios mais profundos do inquieto coração humano. É encontrar Deus como dito em Isaías 57:15, "Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espirito", é o momento de voltar-nos para nós mesmos, saber que somos pó, templos destruídos, mas ainda não sabemos o porquê, mas Deus resolveu habitar dentro da gente, nesses templos que estão sendo restítuídos.
Assim como dizia Madre Teresa de Ávila:
Aquieta-te em solitude e encontrarás o Senhor em ti mesmo.
Que em nossa solitude, possamos sair do ativismo desenfreado e sem sentido. Pode ser uma meia horinha diária em casa, ou um breve momento no trabalho, ou um momento de recreação em algum parque,tenha seu momento de solitude com o Pai. Partindo daí, só agimos quando Ele indicar.
Carecemos que ele retire os "véus" de nossos corações, que são tantos, como ansiedade, medos, indiferenças familiares e angústias, para termos uma maior percepção de nós mesmos e de nosso Criador.
Convém lembrar que Ele resolveu habitar em nosso coração. E na medida que caminhamos com Deus, na nossa conversão, num contínuo revisionamento interior através da nossa oração, Ele vai descobrindo os véus, em rumo à libertação.Pois, "o Senhor é o Espírito, onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade" . (2 Coríntios 3:17)
Que Deus nos liberte de sermos "religiosos hipócritas" ou de "(in)felizes mundanos" e que descubramos que a verdadeira liberdade reside na obediência amorosa ao Pai.
Oração:Deus Amado, ajuda-nos a manter o equilíbrio com o Senhor. Que não nos omitamos quando o Senhor nos manda a agir em algum momento, ou evita que "chutemos o bale" quando o Senhor está mudo. Mas, que na medida que os véus forem sendo retirados, que possamos mais vislumbrar a glória do Senhor. Ajuda-nos a conseguir a quietude interior, buscar no silêncio a Serena Voz que vem de Ti. Que possamos ser um com o Senhor, assim como Jesus é contigo, nosso Pai. Queremos te conhecer...em nome de Jesus, Amém.

Uma andarilhada noturna...

Ao som de All About You, de Eric Johnson...
Aqui mando um antigo texto, que já provocou muitas inquietações, discussões e breves reflexões...

Cá mando, pra colocar esse "Sentimento de Mundo" aqui na tela da Web,

Com os Abraços Franciscanos,

Do inquieto,
F.B.
Na noite de sábado para domingo, andarilhando de volta pra casa na cidade de Santo André, me encontrava pensativo, introspecto, contemplando minha consciência que, nesses momentos de estar consigo mesma ela recebe as visitas inóspitas de sons, ruídos, vozes e imagens que imprimem o universo absurdo e surreal que forma a nossa psiquê...
E andarilhava, andarilhava...
Passei por uns barzinhos lá no bairro Jardim. Um moço distraído numa das mesas acabou se assustando comigo, pois do nada, em meio ao escuro acabei aparecendo, e ainda com uma camisa parecida com a do Freddy Krueguer (acho que é assim que escreve...) e isso me chamou a atenção para ficar por ali...
Daí, comecei a espiar as pessoas que estavam nos bares, espiar só por espiar...perceber a multiplicidade de personalidades, as ambiguidades que o ser humano carrega dentro de si e espelha em seus gestos físicos, olhares e sorrisos...
A minha primeira impressão foi a de que mesmo muitos estando acompanhados dos amigos, desfrutando de uma cerveja, contando as situações mais engraçadas ou mesmo trágicas, notava que em seus olhos eram (e continuam sendo...) inquietos, buscavam sempre "achar" alguém, vivem procurando algo que não sabem direito o que é, um instinto de "caça" sobrevinham do íntimo deles e os delatavam através dos gestos que procuravam, inconscientes ou não, uma forma de afirmar-se como seres humanos. O que é saudável, até certo ponto.
Isso me leva a lembrar uma peça do Samuel Beckett, chamada "Esperando Godot" que narra através do texto desse grande escritor, essa espera humana que é composta por pessoas tremendamente solitárias. E eles procuram e esperam Algo ou Alguém...no caso, Godot, mas não sabem quem é direito e ainda nem sabe o porquê o que buscam realmente.
Vi muitos casais e amigos se abraçando, beijando e tendo os seus efêmeros momentos de prazer. Via muitos deles presentes em seus estilos, formas e conversas, mas alguns, quer dizer, em muitos notava que era muito longínqua a transparência no espírito. Notavam que muitos embora fisicamente presentes, estavam ausentes no espírito do grupo.
Continuando minha caminhada, chegando perto de casa, o frio foi me apertando, resolvi "cortar" caminho por um bairro aqui ao lado que não tenho costume de andarilhar...e fui continuando a minha espiada noturna, percebendo as casas, notar o visual, a construção, o design arquitetônico...
...notei que muitas salas estavam sendo iluminadas com a televisão, havia muita gente acordada...e isso, lá pelas duas horas da manhã...
Mas houve uma cena que me marcou muito. Estava passando quando vi que em uma das casas a janela da sala estava entreaberta e com a luz acesa. Andando mais devagar pela rua, vi que um homem, um senhor de uns 60 anos estava sentado no sofá. O que mais me chamou a atenção foi o olhar deste homem. Ele olhava pra TV, só que com certeza não estava assistindo o que passava na tela. O olhar havia profundência, nostalgia, estava longínquo, com uma leve "paletada" de melancolia, notava que estava perdido em si-mesmo. Os olhos denunciavam alarmantemente isso.
Também como os olhos do pessoal do barzinho.
Delatava a SOLIDÃO que todos eles sentem, esse vazio que é como um buraco negro que está sendo dilatado mais e mais...
Daí, caminhando pra casa e já chegando ao ninho de descanso, comecei a levar minha consciência (ou é ela que me leva???) à reflexão:
Será que os homens têm consciência da solidão que eles sofrem?
Que ela é mais profunda do que imaginamos?
E que como colocamos falsos "ban-daids existenciais" (televisão, rádio, namoros de um dia...) pra tapar esse mal-estar que o homem sofre (ainda...) nesse começo de século?
Ou...
Será que essa é uma impressão que tenho é uma exteriorização, um reflexo da solidão que sinto e procuro disfarçá-la nessas palavras que digito no teclado?
Noto que a solidão não é a ausência de pessoas, mas é a ausência de uma Pessoa. Pois vejo que mesmo com a multidão, ou mesmo com seus amigos, família, relacionamentos saudáveis, há pessoas que são tremendamente solitárias. Ela, a solidão, tem um fator que transcende a questão física. Ela também é espiritual. Parece que há a falta de Algo que foge dos nossos graus de amizade, de bondade e das virtudes humanas.
É essa falta que brota do íntimo do coração, esse "Quê Transcendente" que o homem sente uma ausência aonde o homem não consegue disfarçar e que nos gestos, acabam delatando-se.
Creio que o homem tem que dar a si mesmo a oportunidade de parar. Parar. De ter um encontro consigo mesmo. Mesmo que isso mostre fantasmas, enfrentar os assombros da alma e o sentimento de impotência que urge de nosso ser. E diante desse vazio dar lugar a um Outro que, na verdade, é mais intimo a nós do que nós a nós mesmos.

E da solidão, dar lugar à solitude.
Solitude é diferente da solidão. É um momento que parando toda a nossa atividade externa, damos atenção ao nosso íntimo. De ter um encontro também com um Outro. De descobrir no silêncio e na oração, o Amor e a Companhia de Deus. De um Deus que transcende a religião e que é experimentado não nas grandes festividades religiosas ou em êxtases promovidos nos cultos. Mas sim, descobri-lo em um lugar aonde estamos paulatinamente num processo alienativo, que é dentro do nosso coração.